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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

 

Vaticano, 17 fev. 21
Como costuma fazer todos os anos, o Papa Francisco enviou uma mensagem aos católicos 
no Brasil por ocasião do início da Campanha da Fraternidade 2021, nesta Quarta-feira de Cinzas, e convocou à união para superar pandemia de Covid-19.

Neste ano, conforme ocorre a cada cinco anos, a Campanha da Fraternidade é Ecumênica e tem como tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, e lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef 2,14).

O Pontífice recorda logo no início de sua mensagem o atual contexto gerado pela pandemia de Covid-19 e afirma que Jesus “nos convoca e convida a orar pelos que morreram, a bendizer pelo serviço abnegado de tantos profissionais da saúde e a estimular a solidariedade entre as pessoas de boa vontade”.

“Precisamos vencer a pandemia e nós o faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unirmos em torno da vida”, declara o Santo Padre.

A seguir, a mensagem completa do Papa Francisco por ocasião da Campanha da Fraternidade 2021:

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Com o início da Quaresma, somos convidados a um tempo de intensa reflexão e revisão de nossas vidas. O Senhor Jesus, que nos convida a caminhar com Ele pelo deserto rumo à vitória pascal sobre o pecado e a morte, faz-se peregrino conosco também nestes tempos de pandemia. Ele nos convoca e convida a orar pelos que morreram, a bendizer pelo serviço abnegado de tantos profissionais da saúde e a estimular a solidariedade entre as pessoas de boa vontade. Convoca-nos a cuidarmos de nós mesmos, de nossa saúde, e a nos preocuparmos uns pelos outros, como nos ensina na parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). Precisamos vencer a pandemia e nós o faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unirmos em torno da vida. Como indiquei na recente Encíclica Fratelli tutti, «passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta» (n. 35). Para que isso não ocorra, a Quaresma nos é de grande auxílio, pois nos chama à conversão através da oração, do jejum e da esmola.

Como é tradição há várias décadas, a Igreja no Brasil promove a Campanha da Fraternidade, como um auxílio concreto para a vivência deste tempo de preparação para a Páscoa. Neste ano de 2021, com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, os fiéis são convidados a «sentar-se a escutar o outro» e, assim, superar os obstáculos de um mundo que é muitas vezes «um mundo surdo». De fato, quando nos dispomos ao diálogo, estabelecemos «um paradigma de atitude receptiva, de quem supera o narcisismo e acolhe o outro» (Ibidem, n. 48). E, na base desta renovada cultura do diálogo está Jesus que, como ensina o lema da Campanha deste ano, «é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade» (Ef 2,14).

Por outro lado, ao promover o diálogo como compromisso de amor, a Campanha da Fraternidade lembra que são os cristãos os primeiros a ter que dar exemplo, começando pela prática do diálogo ecumênico. Certos de que «devemos sempre lembrar-nos de que somos peregrinos, e peregrinamos juntos», no diálogo ecumênico podemos verdadeiramente «abrir o coração ao companheiro de estrada sem medos nem desconfianças, e olhar primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus» (Exort. Apost. Evangelii gaudium, n. 244). É, pois, motivo de esperança, o fato de que este ano, pela quinta vez, a Campanha da Fraternidade seja realizada com as Igrejas que fazem parte do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).

Desse modo, os cristãos brasileiros, na fidelidade ao único Senhor Jesus que nos deixou o mandamento de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou (cf. Jo 13,34) e partindo «do reconhecimento do valor de cada pessoa humana como criatura chamada a ser filho ou filha de Deus, oferecem uma preciosa contribuição para a construção da fraternidade e a defesa da justiça na sociedade» (Carta Enc. Fratelli tutti, n. 271). A fecundidade do nosso testemunho dependerá também de nossa capacidade de dialogar, encontrar pontos de união e os traduzir em ações em favor da vida, de modo especial, a vida dos mais vulneráveis. Desejando a graça de uma frutuosa Campanha da Fraternidade Ecumênica, envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim.

Roma, São João de Latrão, 17 de fevereiro de 2021.

[Franciscus PP.]

Fonte:ACI

domingo, 20 de outubro de 2019

Papa no Dia Mundial das Missões: A Missão é dom e não um peso a ser suportado

                                     Papa Francisco - Foto: Daniel Ibáñez (ACI Prensa)


Vaticano, 20 Out. 19 / 09:23 am (ACI).- Neste domingo, 20, dia em que a Igreja celebra o Dia Mundial das Missões, o Papa Francisco celebrou uma especial missa para marcar a ocasião, recordando que todo cristão é missionário e que a missão é um dom e não um fardo, exortando os presentes a anunciar com coragem o Evangelho.

Abaixo segue a Homilia do Santo Padre na íntegra:

“Quero tomar três palavras das Leituras: um substantivo, um verbo e um pronome. 
Osubstantivo é o monte: dele profetiza Isaías, quando nos fala de um monte do Senhor, dominando sobre as colinas, para onde acorrerão todas as nações (cf. Is 2, 2). E o monte reaparece no Evangelho: depois da sua ressurreição, Jesus indica aos discípulos como local de encontro um monte da Galileia, precisamente aquela Galileia habitada por muitas populações diferentes, a «Galileia dos gentios» (cf.Mt 4, 15). Em suma, o monte parece ser o lugar onde Deus gosta de marcar encontro com toda a humanidade. É o lugar do encontro connosco, como mostra a Bíblia a começar do Sinai, passando pelo Carmelo até Jesus, que proclamou as Bem-aventuranças no monte, transfigurou-Se no monte Tabor, deu a vida no Calvário e subiu ao Céu no monte das Oliveiras. O monte, lugar dos grandes encontros entre Deus e o homem, é também o sítio onde Jesus passa horas e horas em oração (cf. Mc 6, 46), para unir terra e Céu, unir-nos, nós seus irmãos, ao Pai. 

A nós, que nos diz o monte? Que somos chamados a aproximar-nos de Deus e dos outros: aproximar-nos de Deus, o Altíssimo, no silêncio, na oração, afastando-nos das maledicências e boatos que poluem; e aproximar-nos também dos outros, que, vistos do monte, aparecem-nos noutra perspetiva, a de Deus que chama todos os povos: vistos de cima, os outros aparecem-nos no seu todo e descobre-se que a harmonia da beleza só é dada pelo conjunto. O monte lembra-nos que os irmãos e as irmãs não devem ser selecionados, mas abraçados com o olhar e sobretudo com a vida. O monte liga Deus e os irmãos num único abraço, o da oração. O monte leva-nos para o alto, longe de tantas coisas materiais que passam; convida-nos a redescobrir o essencial, o que permanece: Deus e os irmãos. A missão começa no monte: lá se descobre aquilo que conta. No coração deste mês
missionário, interroguemo-nos: Para mim, o que é que conta na vida? Quais são as altitudes para onde tendo?

E o substantivo monte aparece acompanhado por um verbo: subir. Isaías exorta-nos: «Vinde, subamos à montanha do Senhor» (2, 3). Nascemos, não para ficar em terra contentando-nos com coisas triviais, mas para chegar às alturas encontrando Deus e os irmãos. Para isso, porém, é preciso subir: é preciso deixar uma vida horizontal, lutar contra a força de gravidade do egoísmo, realizar um êxodo do próprio eu. Por isso, subir requer esforço, mas é a única maneira para ver tudo melhor, como
 o panorama mais bonito ao escalar a montanha só se vê no cimo e, então, compreendemos que o único modo possível para o abarcar era seguir aquela vereda sempre em subida. E como não é fácil subir ao monte se formos carregados de coisas, assim na vida é preciso alijar o que não serve. É também o segredo da missão: para partir é preciso deixar, para anunciar é preciso renunciar. O anúncio credível é feito, não de bonitas palavras, mas de vida boa: uma vida de serviço, que sabe renunciar a tantas coisas materiais que empequenecem o coração, tornam as pessoas indiferentes e as fecham em si mesmas; uma vida que se separa das inutilidades que atafulham o coração e encontra tempo para Deus e para os outros. Podemos interrogar-nos: Como procede a minha subida? Sei renunciar às bagagens pesadas e inúteis do mundanismo para subir ao monte do Senhor?

Se o monte nos lembra o que conta – Deus e os irmãos –, e o verbo subir, o modo como lá chegamos, há uma terceira palavra que hoje ressoa como a mais forte. É o pronome todos, que prevalece nas Leituras: «todas as nações», dizia Isaías (2, 2); «todos os povos», repetimos no Salmo; Deus «quer que todos os homens sejam salvos», escreve Paulo (1 Tm 2, 4); «ide, pois, fazei discípulos de todos os povos», pede Jesus no Evangelho (Mt 28,19). O Senhor obstina-Se a repetir este «todos».

Sabe que somos teimosos a repetir «meu» e «nosso»: as minhas coisas, a nossa nação, a nossa comunidade... e Ele não Se cansa de repetir «todos». Todos, porque ninguém está excluído do seu coração, da sua salvação; todos, para que o nosso coração ultrapasse as alfândegas humanas, os particularismos baseados nos egoísmos que não agradam a Deus. Todos, porque cada qual é um tesouro precioso e o sentido da vida é dar aos outros este tesouro. Eis a missão: subir ao monte para rezar por todos, e descer do monte para se doar a todos.

Subir e descer… Assim o cristão está sempre em movimento, em saída. Realmente, no Evangelho, o mandato de Jesus é «ide». Todos os dias nos cruzamos com tantas pessoas, mas –podemo-nos interrogar – vamos ter com as pessoas que encontramos? Assumimos o convite de Jesus ou ocupamo-nos apenas das nossas coisas? Todos esperam algo dos outros, o cristão vai ter com os outros. A testemunha de Jesus nunca se sente em crédito do reconhecimento de outros, mas em dívida de amor com quem não conhece o Senhor. A testemunha de Jesus vai ao encontro de todos, e não apenas dos seus, do seu grupinho. Jesus diz também a ti: «Vai; não percas a ocasião de testemunhar!»

Irmão, irmã, o Senhor espera de ti o testemunho que ninguém pode dar em tua vez. «Oxalá consigas identificar a palavra, a mensagem de Jesus que Deus quer dizer ao mundo com a tua vida (...), e assim a tua preciosa missão não fracassará» (Francisco, Exort. ap. Gaudete et exsultate, 24).

Para ir ao encontro de todos, que instruções nos dá o Senhor? Uma só e muito simples: fazei discípulos. Mas, atenção! Discípulos d’Ele, não nossos. A Igreja só anuncia bem, se viver como discípula. E o discípulo segue dia a dia o Mestre e partilha com os outros a alegria do discipulado.

Não conquistando, obrigando, fazendo prosélitos, mas testemunhando, colocando-se ao mesmo nível – discípulo com os discípulos –, oferecendo amorosamente o amor que recebemos. Esta é a missão: oferecer ar puro, de alta quota, a quem vive imerso na poluição do mundo; levar à terra aquela paz que nos enche de alegria, sempre que encontramos Jesus no monte, na oração; mostrar, com a vida e mesmo com palavras, que Deus ama a todos e não se cansa jamais de ninguém.

Queridos irmãos e irmãs, cada um de nós tem, melhor, é uma missão nesta terra (cf. Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 273). Estamos aqui para testemunhar, abençoar, consolar, erguer, transmitir a beleza de Jesus. Coragem! Ele espera muito de ti! O Senhor prova uma espécie de ânsia por aqueles que ainda não sabem que são filhos amados pelo Pai, irmãos pelos quais deu a vida e o Espírito Santo. 

Queres acalmar a ânsia de Jesus? Vai com amor ao encontro de todos, porque a tua vida é uma missão preciosa: não é um peso a suportar, mas um dom a oferecer. Coragem! Sem medo, vamos ao encontro de todos!

Fonte: ACI

domingo, 6 de outubro de 2019

Homilia do Papa no Sínodo da Amazônia

O Papa Francisco durante a Missa inaugural do Sínodo da Amazônia. Foto: Daniel Ibáñez / ACI

Íntegra
Homilia do Papa na abertura do Sínodo para a Amazônia

Vaticano, 06 Out. 19 / 07:01 am (ACI).
- O Papa Francisco presidiu neste domingo 6 de outubro, na Basílica de São Pedro do Vaticano, a Missa de abertura da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Panamazônica, conhecida também como Sínodo da Amazônia, e que se desenvolverá no Vaticano até o próximo 27 de outubro.

Na Missa, em que participaram também os 13 novos Cardeais criados no consistório celebrado ontem, sábado 5 de outubro, o Santo Padre contrapôs o fogo de Deus, “que ilumina, esquenta e dá vida”, ao fogo do mundo, “que destrói”.

O Santo Padre destacou a importância do Sínodo “para renovar os caminhos da Igreja na Amazônia, de modo que não se apague o fogo da missão”. Do mesmo modo, recordou que “muitos irmãos e irmãs na Amazônia levam cruzes pesadas e esperam a consolação libertadora do Evangelho e a carícia de amor da Igreja. Por eles, com eles, caminhemos juntos”.

A seguir, a homilia completa do Papa Francisco:

O apóstolo Paulo, o maior missionário da história da Igreja, ajuda-nos a «fazer Sínodo», a «caminhar juntos»; parece dirigido a nós, Pastores ao serviço do povo de Deus, aquilo que escreve a Timóteo.

Começa dizendo: «Recomendo-te que reacendas o dom de Deus que se encontra em ti, pela imposição das minhas mãos» (2 Tm 1, 6). Somos bispos, porque recebemos um dom de Deus. Não assinamos um acordo; colocaram-nos, não um contrato de trabalho nas mãos, mas mãos sobre a cabeça, para sermos, por nossa vez, mãos levantadas que intercedem junto do Senhor e mãos estendidas para os irmãos. Recebemos um dom, para sermos dons. Um dom não se compra, não se troca nem se vende: recebe-se e dá-se de presente. Se nos apropriarmos dele, se nos colocarmos a nós mesmos no centro e não deixarmos no centro o dom, passamos de Pastores a funcionários: fazemos do dom uma função, e desaparece a gratuidade; assim acabamos por nos servir a nós mesmos, servindo-nos da Igreja. Ao passo que a nossa vida, dom recebido, é para servir. No-lo recorda o Evangelho, que fala de «servos inúteis» (Lc 17, 10); expressão esta, que pode querer dizer também «servos sem lucro». Por outras palavras, não trabalhamos para obter lucro, um ganho nosso, mas, sabendo que gratuitamente recebemos, gratuitamente damos (cf. Mt 10, 8). Colocamos toda a nossa alegria em servir, porque fomos servidos por Deus: fez-Se nosso servo. Queridos irmãos, sintamo-nos chamados aqui para servir, colocando no centro o dom de Deus.

Para sermos fiéis a esta chamada, à nossa missão, São Paulo lembra-nos que o dom deve ser reaceso. O verbo usado é fascinante: reacender é, literalmente, «dar vida a uma fogueira» [anazopurein]. O dom que recebemos é um fogo, é amor ardente a Deus e aos irmãos. O fogo não se alimenta sozinho; morre se não for mantido vivo, apaga-se se a cinza o cobrir. Se tudo continua igual, se os nossos dias são pautados pelo «sempre se fez assim», então o dom desaparece, sufocado pelas cinzas dos medos e pela preocupação de defender o status quo. Mas «a Igreja não pode de modo algum limitar-se a uma pastoral de “manutenção” para aqueles que já conhecem o Evangelho de Cristo. O ardor missionário é um sinal claro da maturidade de uma comunidade eclesial» (Bento XVI, Exort. ap. pós-sinodal Verbum Domini, 95). Jesus veio trazer à terra, não a brisa da tarde, mas o fogo.

O fogo que reacende o dom é o Espírito Santo, dador dos dons. Por isso, São Paulo continua: «Guarda, pelo Espírito Santo que habita em nós, o precioso bem que te foi confiado» (2 Tm 1, 14). E antes escrevera: «Deus não nos concedeu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e de prudência» (1, 7). Não um espírito de timidez, mas de prudência: em oposição à timidez, Paulo coloca a prudência. Que é, então, esta prudência do Espírito? Como ensina o Catecismo, a prudência «não se confunde com a timidez ou o medo», mas «é a virtude que dispõe a razão prática para discernir, em qualquer circunstância, o nosso verdadeiro bem e para escolher os justos meios de o atingir» (n. 1806). A prudência não é indecisão, não é um comportamento defensivo. É a virtude do Pastor que, para servir com sabedoria, sabe discernir, sensível à novidade do Espírito. Então, reacender o dom no fogo do Espírito é o oposto de deixar as coisas correr sem se fazer nada. E ser fiéis à novidade do Espírito é uma graça que devemos pedir na oração. Ele, que faz novas todas as coisas, nos dê a sua prudência audaciosa; inspire o nosso Sínodo a renovar os caminhos para a Igreja na Amazónia, para que não se apague o fogo da missão.

O fogo de Deus, como no episódio da sarça ardente, arde mas não consome (cf. Ex 3, 2). É fogo de amor que ilumina, aquece e dá vida; não fogo que alastra e devora. Quando sem amor nem respeito se devoram povos e culturas, não é o fogo de Deus, mas do mundo. Contudo quantas vezes o dom de Deus foi, não oferecido, mas imposto! Quantas vezes houve colonização em vez de evangelização! Deus nos preserve da ganância dos novos colonialismos. O fogo ateado por interesses que destroem, como o que devastou recentemente a Amazónia, não é o do Evangelho. O fogo de Deus é calor que atrai e congrega em unidade. Alimenta-se com a partilha, não com os lucros. Pelo contrário, o fogo devorador alastra quando se quer fazer triunfar apenas as próprias ideias, formar o próprio grupo, queimar as diferenças para homogeneizar tudo e todos.

Reacender o dom; receber a prudência audaciosa do Espírito, fiéis à sua novidade; São Paulo faz uma última exortação: «Não te envergonhes de dar testemunho (…), mas compartilha o meu sofrimento pelo Evangelho, apoiado na força de Deus» (2 Tm 1, 8). Pede para testemunhar o Evangelho, sofrer pelo Evangelho; numa palavra: viver para o Evangelho. O anúncio do Evangelho é o critério primeiro para a vida da Igreja. Mais adiante, Paulo escreve: «Estou pronto para oferecer-me como sacrifício» (4, 6). Anunciar o Evangelho é viver a oferta, é testemunhar radicalmente, é fazer-se tudo por todos (cf. 1 Cor 9, 22), é amar até ao martírio. De facto, como assinala o Apóstolo, serve-se o Evangelho, não com a força do mundo, mas simplesmente com a força de Deus: permanecendo sempre no amor humilde, acreditando que a única maneira de possuir verdadeiramente a vida é perdê-la por amor.

Queridos irmãos, olhemos juntos para Jesus Crucificado, para o seu coração aberto por nós. Comecemos dali, porque dali brotou o dom que nos gerou; dali foi derramado o Espírito que renova (cf. Jo 19, 30). Dali, sentimo-nos chamados, todos e cada um, a dar a vida. Muitos irmãos e irmãs na Amazônia carregam cruzes pesadas e aguardam pela consolação libertadora do Evangelho, pela carícia de amor da Igreja. Por eles, com eles, caminhemos juntos.

Fonte: ACI

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Papa inaugura o Mês Missionário Extraordinário e lista 3 pecados contra a missão

Foto: Daniel Ibáñez / ACI Prensa

Vaticano, 01 Out. 19 / 02:57 pm (ACI).

- O Papa Francisco inaugurou o Mês Missionário Extraordinário que a Igreja universal celebrará durante todo o mês de outubro de 2019 e alertou sobre três "pecados contra a missão".

O Santo Padre deu início, na Basílica de São Pedro, a esta iniciativa sem precedentes, ao presidir a oração das vésperas na memória litúrgica de Santa Teresinha do Menino Jesus, padroeira das missões.
O rito litúrgico foi realizado em um clima de devoção e oração que foi alternado pela escuta de alguns testemunhos missionários, momentos de silêncio e cantos.
Antes de concluir, o Pontífice entregou crucifixos aos missionários – religiosos e leigos –, que partirão em missão para Taiwan, República Democrática do Congo, Camboja, Bangladesh, Sudão do Sul, Cazaquistão, Quirguistão e Brasil.

Anteriormente, o Papa Francisco enviou uma mensagem através de sua conta oficial do Twitter @Pontifex, na qual encorajou a seguir o exemplo de Santa Teresinha do Menino Jesus durante este Mês Missionário Extraordinário. "Através dos nossos pequenos passos de amor, Deus faz grandes coisas, Deus realiza a salvação do mundo", escreveu o Pontífice.

Refletindo sobre a passagem bíblica do capítulo 25 de São Mateus, o Pontífice se deteve no ensinamento da parábola para destacar que “Deus nos confiou seus maiores bens: nossa vida, a dos outros, a cada um de nós, muitos dons diferentes. E esses dons, esses talentos, não representam algo para guardar em um caixa forte, mas um chamado: o Senhor nos chama para fazer os talentos frutificarem com audácia e criatividade”.
"Deus não nos perguntará se conservamos zelosamente a vida e a fé, mas se a colocamos em risco, arriscando, talvez perdendo prestígio", afirmou o Papa, que incentivou todos os fiéis – religiosos e leigos – a dar suas vidas pela missão.
“Recebemos não para enterrá-la, mas para colocá-la em jogo; não para conservá-la, mas para doá-la. Quem está com Jesus sabe que possui aquilo que se doa; e o segredo para possuir a vida é doá-la. Viver de omissões é renegar a nossa vocação: a omissão é o contrário da missão”, exclamou.

Como fazer para se tornar missionário?
Nesse sentido, o Santo Padre descreveu qual é a chave de ser missionário que é viver como testemunha, “testemunhando com a vida que se conhece Jesus. Testemunha é a palavra-chave; uma palavra que tem a mesma raiz e significado de mártir. Os mártires são as primeiras testemunhas da fé: não por palavras, mas com a vida. Sabem que a fé não é propaganda nem proselitismo, mas um respeitoso dom de vida. Vivem espalhando paz e alegria, amando todos, incluindo os inimigos, por amor a Jesus”.

Por essa razão, o Papa Francisco alertou sobre os pecados da omissão que vão contra a missão, porque, "em vez de espalhar a alegria, nos fechamos numa triste vitimização, pensando que ninguém nos ama nem compreende"; e perguntou: "Deus lhe deu talentos e você acha que é tão pobre que não pode enriquecer ninguém?".

Três pecados contra a missão
Dessa maneira, o Pontífice descreveu, especificamente, três pecados contra a missão:
1. "Quando, num lamento sem fim, continuamos a dizer que está tudo mal, no mundo e na Igreja”.
2. "Quando caímos escravos dos medos que imobilizam e nos deixamos paralisar pelo ‘sempre se fez assim’".
3. “Quando vivemos a vida como um peso e não como um dom; quando, no centro, estamos nós com as nossas fadigas, não os irmãos e irmãs que esperam ser amados”.

Nesse sentido, o Papa Francisco lembrou que "Deus ama quem dá com alegria" e explicou que o Senhor "ama uma Igreja que vive em saída. Se não vive em saída, não é Igreja".
“Uma Igreja em saída, missionária é uma Igreja que não perde tempo a lamentar-se pelas coisas que não funcionam, pelos fiéis que diminuem, pelos valores de outrora que já não existem. Uma Igreja que não procura oásis protegidos para estar tranquila; deseja apenas ser sal da terra e fermento para o mundo. Sabe que esta é a sua força, a mesma de Jesus: não a relevância social ou institucional, mas o amor humilde e gratuito”, afirmou o Papa.

Três modelos para o Mês Missionário Extraordinário
Finalmente, o Santo Padre lembrou que durante este Mês Missionário Extraordinário de outubro, mês do Rosário, seremos acompanhados pelos modelos de uma religiosa, um sacerdote e uma leiga: Santa Teresa do Menino Jesus, São Francisco Xavier e a venerável Paulina Jaricot, “uma operária que apoia as missões com o seu trabalho diário: com as ofertas que retirava do salário, deu início às Pontifícias Obras Missionárias”. E perguntou: “E nós, fazemos de cada dia um dom para superar a fratura entre Evangelho e vida? Por favor, não vivamos uma fé ‘de sacristia’".

Por este motivo, o Papa Francisco propôs um ensinamento com esses três modelos, que afirmam que "ninguém está excluído da missão da Igreja". “Sim, neste mês, o Senhor chama você também. Chama você, pai e mãe de família; você, jovem que sonha com grandes coisas; você que trabalha numa fábrica, numa loja, num banco, num restaurante; você que está sem emprego; você que está numa cama de hospital... O Senhor pede que você se entregue onde está, exatamente como está, com quem está ao seu lado; que você não viva passivamente a vida, mas que a entregue; que não tenha pena de si mesmo, mas deixe-se desafiar pelas lágrimas de quem sofre”.

“Coragem, o Senhor espera muito de você. Ele espera também que alguém tenha a coragem de partir, ir aonde falta esperança e dignidade, ‘ad gentes’, aonde tantas pessoas vivem ainda sem a alegria do Evangelho. Veja, o Senhor não o deixará em paz; testemunhando, você descobrirá que o Espírito Santo veio antes de você para preparar o caminho. Coragem, irmãos e irmãs; Coragem, Igreja Mãe: reencontra a tua fecundidade na alegria da missão! ”, concluiu.

Fonte: ACI

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Papa Francisco: O paraíso não é uma fábula nem um jardim encantado, é o abraço com Deus



VATICANO, 25 Out. 17 /  A nova catequese do Papa Francisco durante a Audiência Geral, na manhã de hoje, foi sobre o Paraíso, um lugar que é "o abraço com Deus" e onde já não haverá preocupações. O próprio Pontífice anunciou que esta é a última catequese sobre a esperança, depois de meditar alguns meses sobre a esperança cristã.

O Santo Padre começou a sua catequese recordando o momento de Jesus na cruz. "Ao lado seu lado esquerdo e direito, há dois homens de má reputação". Um deles é o bom ladrão, que reconhece o seu pecado. “É a única vez que a palavra ‘paraíso’ aparece nos Evangelhos. Jesus o promete a um “pobre diabo” que no lenho da cruz teve a coragem de dirigir a ele o mais humilde dos pedidos: «Lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”.

“O bom ladrão, nos recorda nossa verdadeira condição diante de Deus: que somos seus filhos e que ele vem a nosso encontro, tendo compaixão de nós, que Ele está desarmado cada vez que manifestamos a ele a nostalgia de seu amor”.

O Pontífice recordou que “nos quartos de tantos hospitais e nas celas das prisões, este milagre se repete inúmeras vezes: não existe pessoa, por pior que tenha sido em sua vida, a quem reste somente desespero e seja proibida a graça”.

“O paraíso não é um lugar de fábula nem mesmo um jardim encantado. O paraíso é o abraço com Deus, Amor infinito, e conseguimos entrar graças a Jesus, que morreu na Cruz por nós”. "Onde há Jesus, há a misericórdia e a felicidade: sem Ele, há o frio e a escuridão", acrescentou.

Francisco disse que quando um cristão está na hora da morte, deve dizer a Jesus: ‘Lembra-te de mim’. E mesmo que nos sintamos sozinhos, Jesus está ao nosso lado”.

“Jesus quer levar-nos ao lugar mais bonito, com o pouco ou muito bem que fizemos durante a nossa vida, porque nada se perde do que ele já salvou".

E "na casa do Pai também levará tudo aquilo que em nós ainda precisa ser resgatado: as falhas e os erros da vida. E este é o objetivo da nossa existência, que tudo seja cumprido e transformado em amor".

"Se acreditamos nisto", continuou, "a morte deixa de nos amedrontar, e podemos também esperar partir deste mundo em maneira serena, com tanta confiança. Quem conheceu Jesus, não tema mais nada”.

Fonte:(ACI)

domingo, 31 de julho de 2016

TEXTO: Homilia do Papa Francisco na Missa de encerramento da JMJ Cracóvia 2016


CRACÓVIA, 31 Jul. 16 / 06:00 am (ACI).- O Papa Francisco presidiu hoje a Missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude Cracóvia 2016 e incentivou os jovens a não ter medo de dizer “sim” a Jesus “com todo o entusiasmo do coração” e segui-lo.

A seguir, o texto completo da homilia do Papa Francisco na Missa de encerramento da JMJ Cracóvia 2016:

Queridos jovens, viestes a Cracóvia para encontrar Jesus. E o Evangelho de hoje fala-nos precisamente do encontro entre Jesus e um homem, Zaqueu, em Jericó (cf. Lc 19, 1-10). Aqui, Jesus não Se limita a pregar ou a saudar alguém, mas quer – diz o Evangelista – atravessar a cidade (cf. v. 1). Por outras palavras, Jesus deseja aproximar-Se da vida de cada um, percorrer o nosso caminho até ao fim, para que a sua vida e a nossa se encontrem verdadeiramente.

E assim acontece o encontro mais surpreendente, o encontro com Zaqueu, o chefe dos «publicanos», isto é, dos cobradores de impostos. Zaqueu era, pois, um rico colaborador dos odiados ocupantes romanos; era um explorador do seu povo, alguém que, pela sua má reputação, não podia sequer aproximar-se do Mestre. Mas o encontro com Jesus muda a sua vida, como sucedeu ou pode sucede cada dia com cada um de nós. Entretanto Zaqueu teve de enfrentar alguns obstáculos para encontrar Jesus: pelo menos três, que podem dizer algo também a nós.

O primeiro é a baixa estatura: Zaqueu não conseguia ver o Mestre, porque era pequeno. Também hoje podemos correr o risco de ficar à distância de Jesus, porque não nos sentimos à altura, porque temos uma baixa opinião de nós mesmos. Esta é uma grande tentação, que não tem a ver apenas com a autoestima, mas toca também a fé. Porque a fé diz-nos que somos «filhos de Deus; e, realmente, o somos» (1 Jo 3, 1): fomos criados à sua imagem; Jesus assumiu a nossa humanidade, e o seu coração não se afastará jamais de nós; o Espírito Santo deseja habitar em nós; somos chamados à alegria eterna com Deus. Esta é a nossa «estatura», esta é a nossa identidade espiritual: somos os filhos amados de Deus, sempre. Compreendeis então que não aceitar-se, viver descontentes e pensar de modo negativo significa não reconhecer a nossa identidade mais verdadeira? É como voltar-se para o outro lado enquanto Deus quer pousar o seu olhar sobre mim, é querer apagar o sonho que Ele tem para mim. Deus ama-nos assim como somos, e nenhum pecado, defeito ou erro Lhe fará mudar de ideia. Para Jesus – assim no-lo mostra o Evangelho –, ninguém é inferior e distante, ninguém é insignificante, mas todos somos prediletos e importantes: tu és importante! E Deus conta contigo por aquilo que és, não pelo que tens: a seus olhos, não vale mesmo nada a roupa que vestes ou o celular que usas; não Lhe importa se andas na moda ou não, importas-Lhe tu. A seus olhos, tu vales; e o teu valor é inestimável.

Quando acontece na vida diminuirmo-nos em vez de nos enobrecermos, pode ajudar-nos esta grande verdade: Deus é fiel em amar-nos, até mesmo obstinado. Ajudar-nos-á pensar que Ele nos ama mais do que nos amamos nós mesmos, que crê em nós mais de quanto acreditamos nós mesmos, que sempre nos apoia como o mais irredutível dos nossos fãs. Sempre nos aguarda com esperança, mesmo quando nos fechamos nas nossas tristezas e dores, remoendo continuamente as injustiças recebidas e o passado. Mas, afeiçoar-nos à tristeza, não é digno da nossa estatura espiritual. Antes pelo contrário; é um vírus que infecta e bloqueia tudo, que fecha todas as portas, que impede de reiniciar a vida, de recomeçar. Deus, por seu lado, é obstinadamente esperançoso: sempre acredita que podemos levantar-nos e não Se resigna a ver-nos apagados e sem alegria. Porque somos sempre os seus filhos amados. Lembremo-nos disto, no início de cada dia. Far-nos-á bem dizê-lo na oração, todas as manhãs: «Senhor, agradeço-Vos porque me amais; fazei-me enamorar da minha vida». Não dos meus defeitos, que hão de ser corrigidos, mas da vida, que é um grande dom: é o tempo para amar e ser amado.

Zaqueu tinha um segundo obstáculo no caminho do encontro com Jesus: a vergonha paralisadora. Podemos imaginar o que se passou no coração de Zaqueu antes de subir àquele sicómoro: terá havido uma grande luta; por um lado, uma curiosidade boa, a de conhecer Jesus; por outro, o risco de fazer triste figura. Zaqueu era uma figura pública; sabia que, tentando subir à árvore, se faria ridículo aos olhos de todos: ele, um líder, um homem de poder. Mas superou a vergonha, porque a atração de Jesus era mais forte. Tereis já experimentado o que acontece quando uma pessoa se nos torna tão fascinante que nos enamoramos: então pode suceder fazermos voluntariamente coisas que de outro modo nunca teríamos feito. Algo semelhante aconteceu no coração de Zaqueu, quando sentiu que Jesus era tão importante que, por Ele, estava pronto a tudo, porque Ele era o único que poderia retirá-lo das areias movediças do pecado e da infelicidade. E assim a vergonha que paralisa não levou a melhor: Zaqueu – diz o Evangelho – «correndo à frente, subiu» e depois, quando Jesus o chamou, «desceu imediatamente» (vv 4.6). Arriscou e colocou-se em jogo. Aqui está também para nós o segredo da alegria: não apagar a boa curiosidade, mas colocar-se em jogo, porque a vida não se deve fechar numa gaveta. Perante Jesus, não se pode ficar sentado à espera de braços cruzados; a Ele que nos dá a vida, não se pode responder com um pensamento ou com uma simples «mensagem».

Queridos jovens, não vos envergonheis de Lhe levar tudo, especialmente as fraquezas, as fadigas e os pecados na Confissão: Ele saberá surpreender-vos com o seu perdão e a sua paz. Não tenhais medo de Lhe dizer «sim» com todo o entusiasmo do coração, de Lhe responder generosamente, de O seguir. Não vos deixeis anestesiar a alma, mas apostai no amor formoso, que requer também a renúncia, e um «não» forte ao doping do sucesso a todo o custo e à droga de pensar só em si mesmo e nas próprias comodidades.

Depois da baixa estatura e da vergonha incapacitante, houve um terceiro obstáculo que Zaqueu teve de enfrentar, não dentro de si mesmo, mas ao seu redor. É a multidão murmuradora, que primeiro o bloqueou e depois criticou-o: Jesus não devia entrar na casa dele, na casa dum pecador. Como é difícil acolher verdadeiramente Jesus! Como é árduo aceitar um «Deus, rico em misericórdia» (Ef 2, 4)! Poderão obstaculizar-vos, procurando fazer-vos crer que Deus é distante, rígido e pouco sensível, bom com os bons e mau com os maus. Ao contrário, o nosso Pai «faz com que o Sol se levante sobre os bons e os maus» (Mt 5, 45) e convida-nos a uma verdadeira coragem: ser mais fortes do que o mal amando a todos, incluindo os inimigos. Poderão rir-se de vós, porque acreditais na força mansa e humilde da misericórdia. Não tenhais medo, mas pensai nas palavras destes dias: «Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia» (Mt 5, 7). Poderão considerar-vos sonhadores, porque acreditais numa humanidade nova, que não aceita o ódio entre os povos, não vê as fronteiras dos países como barreiras e guarda as suas próprias tradições, sem egoísmos nem ressentimentos. Não desanimeis! Com o vosso sorriso e os vossos braços abertos, pregais esperança e sois uma bênção para a única família humana, que aqui tão bem representais.

Naquele dia, a multidão julgou Zaqueu, mediu-o de cima a baixo; mas Jesus fez o contrário: levantou o olhar para ele (v. 5). O olhar de Jesus ultrapassa os defeitos e vê a pessoa; não se detém no mal do passado, mas entrevê o bem no futuro; não se resigna perante os fechamentos, mas procura o caminho da unidade e da comunhão; único no meio de todos, não se detém nas aparências, mas vê o coração. Com este olhar de Jesus, vós podeis fazer crescer outra humanidade, sem esperar louvores, mas buscando o bem por si mesmo, felizes por conservar o coração limpo e lutar pacificamente pela honestidade e a justiça. Não vos detenhais à superfície das coisas e desconfiai das liturgias mundanas do aparecer, da maquilhagem da alma para parecer melhor. Em vez disso, instalai bem a conexão mais estável: a de um coração que vê e transmite o bem sem se cansar. E aquela alegria que gratuitamente recebestes de Deus, gratuitamente dai-a (cf. Mt 10, 8), porque muitos esperam por ela.

Ouçamos, por fim, as palavras de Jesus a Zaqueu, que parecem ditas de propósito para nós hoje: «Desce depressa, pois hoje tenho de ficar em tua casa» (v. 5). Jesus dirige-te o mesmo convite: «Hoje tenho de ficar em tua casa». A JMJ – poderíamos dizer – começa hoje e continua amanhã, em casa, porque é lá que Jesus te quer encontrar a partir de agora. O Senhor não quer ficar apenas nesta bela cidade ou em belas recordações, mas deseja ir a tua casa, habitar a tua vida de cada dia: o estudo e os primeiros anos de trabalho, as amizades e os afetos, os projetos e os sonhos. Como Lhe agrada que tudo isto seja levado a Ele na oração! Como espera que, entre todos os contatos e os chat de cada dia, esteja em primeiro lugar o fio de ouro da oração! Como deseja que a sua Palavra fale a cada uma das tuas jornadas, que o seu Evangelho se torne teu e seja o teu «navegador» nas estradas da vida!

Ao pedir para ir a tua casa, Jesus – como fez com Zaqueu – chama-te por nome. O teu nome é precioso para Ele. O nome de Zaqueu evocava, na linguagem da época, a recordação de Deus. Fiai-vos na recordação de Deus: a sua memória não é um «disco rígido» que grava e armazena todos os nossos dados, mas um coração terno e rico de compaixão, que se alegra em eliminar definitivamente todos os nossos vestígios de mal. Tentemos, também nós agora, imitar a memória fiel de Deus e guardar o bem que recebemos nestes dias. Em silêncio, façamos memória deste encontro, guardemos a recordação da presença de Deus e da sua Palavra, reavivemos em nós a voz de Jesus que nos chama por nome. Assim rezemos em silêncio, fazendo memória, agradecendo ao Senhor que aqui nos quis e encontrou.

Fonte:ACIDIGITAL

terça-feira, 21 de junho de 2016

Papa: cristãos se olhem no espelho antes de julgar


Antes de julgar os outros, devemos olhar no espelho para ver como somos. Foi a exortação do Papa na missa desta segunda-feira (20/06), na Casa Santa Marta. O Pontífice sublinhou que aquilo que distingue o juízo de Deus do nosso não é a omnipotência, mas a misericórdia.
O juízo pertence somente a Deus; por isso, se não quisermos ser julgados, nós também não devemos julgar os outros. Concentrando-se na leitura do Evangelho do dia, o Papa observou que ‘todos nós queremos que no Dia do Juízo, o Senhor nos olhe com benevolência, que se esqueça das coisas feias que fizemos na vida’.
Por isso, ‘se julgas continuamente os outros – advertiu – serás julgado com a mesma medida’. “O Senhor – prosseguiu – nos pede para nos olharmos no espelho”:
“Olha no espelho... mas não para se maquiar, para que não se vejam as tuas rugas. Não, não, não é este o conselho... Olha no espelho para te veres a ti mesmo, como és. ‘Porque olhas o argueiro que está no olho do teu irmão e não reparas na trave que está no teu? Como podes dizer ao teu irmão ‘Deixa que tire o argueiro que tens na vista, enquanto a trave está na tua?’. E como nos define o Senhor, quando fazemos isso? Com uma só palavra: ‘Hipócrita’. Tira primeiro a trave do teu olho, e só então, poderás ver bem e tirar o argueiro do olho do seu irmão”.
O Senhor, disse o Papa, podemos notar que “fica um pouco com raiva aqui”, nos chama de hipócritas quando nos colocamos no lugar de Deus”. Isto, acrescentou, é o que a serpente persuadiu a fazer Adão e Eva: “Se comerdes isso, sereis como Ele”. Eles, disse o Papa, “queriam tomar o lugar de Deus”:
“Por isso é feio julgar. O juízo é só de Deus, somente d’Ele! A nós o amor, a compreensão, rezar pelos outros quando vemos coisas que não são boas, mas também falar com eles: ‘Mas, olha, eu vejo isso, talvez ...' Mas jamais julgar. Nunca. E isso é hipocrisia, se nós julgamos”.
Quando julgamos, continuou, “nós nos colocamos no lugar de Deus”, mas “o nosso julgamento é um julgamento pobre”, nunca “pode ser um verdadeiro julgamento”. “E porque – pergunta-se o Papa - o nosso não pode ser como o de Deus? Porque Deus é Todo-Poderoso e nós não?” Não, é a resposta de Francisco, “porque no nosso julgamento falta a misericórdia. E quando Deus julga, julga com misericórdia”:
“Pensemos hoje no que o Senhor nos diz: não julgar, para não ser julgado; a medida, o modo, a medida com a qual julgamos será a mesma que usarão para connosco; e, em terceiro lugar, vamos nos olhar no espelho antes de julgar. ‘Mas aquele faz isso... isto faz o outro...’ ‘Mas, espere um pouco... ', eu me olho no espelho e depois penso. Pelo contrário, eu vou ser um hipócrita, porque eu me coloco no lugar de Deus e, também, o meu julgamento é um julgamento pobre; carece-lhe algo tão importante que tem o julgamento de Deus, falta a misericórdia. Que o Senhor nos faça entender bem essas coisas”. (BS-CM-SP)

Fonte: Rádio Vaticana

quarta-feira, 2 de março de 2016

Se tiver o coração fechado, o perdão e a misericórdia não entrarão, assegura o Papa

Papa durante a Missa na Casa Santa Marta. Foto: L'Osservatore Romano

Vaticano, 01 Mar. 16 / 01:00 pm (ACI).- O Papa Francisco dedicou sua homilia da Missa na Casa Santa Marta ao perdão sem limites que Deus tem para com os homens. “Ele quer te perdoar, mas não poderá se tiver o coração fechado e a misericórdia não pode entrar”, manifestou.

O Pontífice sustentou: “Perdoando, abrimos o nosso coração para que a misericórdia de Deus entre e nos perdoe. Porque todos precisamos disso, de pedir perdão: todos. Perdoemos e seremos perdoados. Tenhamos misericórdia com os outros e nós sentiremos aquela misericórdia de Deus que, quando perdoa, ‘esquece’”.

O Santo Padre comentou o Evangelho da liturgia do dia no qual apresenta a célebre pergunta de Pedro a Jesus: “quantas vezes devo perdoar um irmão que pecou contra mim?”.

A outra leitura trata por outro lado do Profeta Daniel e de como reza a Deus quando vai morrer em um forno ao ser condenado por rechaçar adorar um ídolo de ouro e mostrar-se fiel ao Deus verdadeiro.

“Quando Deus perdoa, o seu perdão é assim tão grande que é como se ‘esquecesse’. Tudo contrário daquilo que nós fazemos, das fofocas. E temos tantas histórias das pessoas, antigas, modernas, e não esquecemos, né”.

“Por quê?”, perguntou-se o Pontífice. “Porque não temos um coração misericordioso”, respondeu a si mesmo. “Faz conosco segundo a Sua clemência”, assinalou referindo-se à primeira leitura. “É um chamado à misericórdia de Deus, para que nos dê o perdão e a salvação e esqueça nossos pecados”.

No Evangelho, Jesus conta a parábola dos dois devedores e Francisco a recordou para falar do perdão. “No Pai Nosso dizemos: ‘perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido’. É uma equação, andam juntos. Se você não é capaz de perdoar, como Deus poderá te perdoar?”.

Nesse sentido, o Papa pôs um exemplo: “‘Mas padre, eu perdoo, mas não posso esquecer aquela coisa ruim que me fez…’. Peça ao Senhor que te ajude a esquecer: isso é outra coisa. Pode-se perdoar, mas esquecer nem sempre se consegue. Perdoar como Deus perdoa: ao máximo”.

O Pontífice pediu que a Quaresma “prepare o nosso coração para receber o perdão de Deus e poder fazer o mesmo com os outros: perdoar de coração”.

“Possivelmente não me cumprimente nunca, mas em meu coração eu te perdoei. E assim nos aproximamos disto que é tão grande, de Deus, que é a misericórdia”.

Leituras comentadas pelo Papa:
Daniel 3, 25.34-43
Evangelho segundo São Mateus 18, 21-35

Fonte:acidigital.com/noticias


sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Papa Francisco: existe uma doença na Igreja, semear a divisão

Semeio paz ou cizânia?
Na Carta aos Colossenses, São Paulo mostra o bilhete de identidade de Jesus, que é o primogénito de Deus - e Ele mesmo é Deus - e o Pai enviou-o para "reconciliar e pacificar" a humanidade com Deus depois do pecado. "A paz é obra de Jesus" - disse Francisco – daquele se “abaixar-se para obedecer até à morte e morte na cruz”. "E quando nós falamos de paz ou reconciliação, pequenas pazes, pequenas reconciliações, devemos pensar na grande paz e grande reconciliação" que "Jesus fez. Sem Ele não é possível a paz. Sem Ele não é possível a reconciliação". "A nossa tarefa” – sublinhou o Papa Francisco - no meio das “notícias de guerras, do ódio, mesmo nas famílias"- é ser "homens e mulheres de paz, homens e mulheres de reconciliação”.
"E faz-nos bem perguntar-nos: 'Eu semeio a paz? Por exemplo, com a minha língua, eu semeio paz ou cizânia?'. Quantas vezes já ouvimos dizer de uma pessoa: "Mas tem uma língua de serpente!', porque sempre faz aquilo que a serpente fez com Adão e Eva, destruiu a paz. E isto é um mal, esta é uma doença na nossa Igreja: semear a divisão, semear o ódio, não semear a paz. Mas esta é uma pergunta que cada dia é bom que nos façamos: "Eu hoje semeei paz ou semeei cizânia?'. "Mas, por vezes, se devem dizer as coisas porque aquele aquela ...": com esta atitude o que sêmeas tu?”
Quem leva a paz é santo, quem está com “mexericos” é como um terrorista
Os cristãos, portanto, são chamados a ser como Jesus, que "veio até nós para pacificar e reconciliar":
"Se uma pessoa durante a sua vida, não faz outra coisa senão reconciliar e pacificar pode-se canonizá-la: essa pessoa é santa. Mas devemos crescer nisto, devemos converter-nos: nunca uma palavra para dividir, nunca, nunca uma palavra que traga guerra, pequenas guerras, nunca os mexericos. Eu penso: o que são os mexericos? Bem, nada, dizer uma palavrinha contra o outro, ou dizer uma história: 'Fez isto, aquilo ...'. Não! Bisbilhotice é terrorismo porque quem diz mexericos é como um terrorista que lança a bomba e vai embora, destrói: com a língua destrói, não faz a paz. Mas ele é astuto, hein? Não é um terrorista suicida, não, não, ele guarda-se bem”.
Morder-se a língua
O Papa Francisco repetiu uma pequena exortação:
"Sempre que me vem a vontade de dizer algo que é semear cizânia e divisão e falar mal de outro ... morder-se a língua! Eu vos asseguro, que se fizerdes este exercício de morder-se a língua em vez de semear cizânia, nos primeiros momentos vai inchar a língua, ferida, porque o diabo nos ajuda nisto pois é o seu trabalho, a sua profissão: dividir ".
Em seguida, a oração final: "Senhor tu deste a tua vida, dá-me a graça de pacificar, de reconciliar. Tu derramaste o teu sangue, mas que eu não me importe que a minha língua se inche um pouco  quando a morder antes de falar mal dos outros”. BS)
Fonte:radiovaticana.va


sábado, 6 de junho de 2015

Sarajevo, mais de 60 mil fiéis na Missa do Papa Francisco



Papa Francisco chega ao Estádio Kosevo de Sarajevo para a celebração da Missa - AP

06/06/2015 11:53PARTILHA:
Depois do encontro com as Autoridades, o Papa Francisco dirigiu-se ao estádio Kosevo, em Sarajevo, para presidir a celebração eucarística, segundo momento da sua visita apostólica à capital da Bósnia e Herzegovina. O estádio encontra-se superlotado e milhares de pessoas estão abarrotadas no terreno de jogo, diante do altar, para uma presença de mais de 60 mil pessoas no estádio.

Uma área do estádio foi reservada para acomodar deficientes e feridos da guerra da década de noventa. Também o Papa João Paulo II havia celebrado neste lugar a Missa durante a Viagem apostólica de 1997.

O Papa Francisco iniciou a sua homilia recordando que “as leituras bíblicas que ouvimos, ressoaram várias vezes a palavra "paz". Palavra profética por excelência! Paz, disse Farncisco, é o sonho de Deus, é o projecto de Deus para a humanidade, para a história, com toda a criação. E o Papa Salientou também que a paz é um projecto que encontra sempre oposição por parte do homem e por parte do maligno. E acrescentou:
"Também no nosso tempo, a aspiração pela paz e o compromisso de a construir colidem com o facto dos numerosos conflitos armados existentes no mundo. 
É uma espécie de terceira guerra mundial travada "aos pedaços"; e, no contexto da comunicação global, sente-se um clima de guerra".

De facto, sublinhou Francisco, "há quem queira deliberadamente criar e fomentar este clima, de modo particular aqueles que procuram o conflito entre culturas e civilizações diferentes e também quantos, para vender armas, especulam sobre as guerras. Mas a guerra significa crianças, mulheres e idosos nos campos de refugiados; significa deslocamentos forçados; significa casas, estradas, fábricas destruídas; significa sobretudo tantas vidas destroçadas".
"Bem o sabeis vós, que experimentastes isto mesmo precisamente aqui: quanto sofrimento, quanta destruição, quanta tribulação! Hoje, amados irmãos e irmãs, desta cidade ergue-se mais uma vez o grito do povo de Deus e de todos os homens e mulheres de boa vontade: Nunca mais a guerra"!

Entretanto, dentro deste clima de guerra, recordou ainda o Papa Francisco, "salienta-se, como um raio de sol que atravessa as nuvens, a palavra de Jesus no Evangelho:"Felizes os pacificadores" (Mt 5, 9). Trata-se dum apelo sempre actual, que vale para cada geração.  E Francisco sublinhou que "Jesus não diz "Felizes os pregadores de paz": todos, de facto, são capazes de a proclamar, até de maneira hipócrita ou mesmo enganadora. Não. Ele diz: "Felizes os pacificadores", isto é, aqueles que a fazem.

"Fazer a paz é um trabalho artesanal: requer paixão, paciência, experiência, tenacidade. Felizes são aqueles que semeiam paz com as suas acções diárias, com atitudes e gestos de serviço, de fraternidade, de diálogo, de misericórdia... Estes sim, «serão chamados filhos de Deus", porque Deus semeia paz, sempre, por todo o lado; na plenitude dos tempos, semeou no mundo o seu Filho, para que tivéssemos a paz! Fazer a paz é um trabalho que se deve realizar todos os dias, passo a passo, sem nunca nos cansarmos".

E finalmente, o Santo Padre se pregunta, afinal, como se faz, como se constrói a paz? A paz, disse Francisco citando o Profeta Isaías, é obra da justiça. Também aqui falamos, não duma justiça declamada, teorizada, planificada, mas da justiça praticada, vivida. E o Novo Testamento ensina-nos que o pleno cumprimento da justiça é amar o próximo como a nós mesmos (cf. Mt 22, 39; Rom 13, 9). 
Quando, ajudados pela graça de Deus, seguimos este mandamento, como mudam as coisas! Porque mudamos nós! Aquela pessoa, aquele povo que eu via como inimigo, na realidade tem o meu próprio rosto, o meu próprio coração, a minha própria alma. 

Temos o mesmo Pai nos Céus. Então a verdadeira justiça é fazer àquela pessoa, àquele povo, o mesmo que eu queria que fosse feito a mim, ao meu povo (cf. Mt 7, 12) disse o Papa indicando por conseguinte, nas sendas do Apóstolo Paulo, as atitudes necessárias para fazer a paz: «Revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se alguém tiver razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos perdoou, fazei-o vós também» (Col 3, 12-13).

"Eis aqui as atitudes para ser "artesãos" de paz no dia a dia, onde quer que vivamos. Não nos iludamos, porém, de que isto dependa só de nós; cairíamos num moralismo ilusório. A paz é dom de Deus, não em sentido mágico, mas porque Ele, com o seu Espírito, pode imprimir estas atitudes nos nossos corações e na nossa carne, e fazer de nós verdadeiros instrumentos da sua paz. (…) A paz é dom de Deus, porque é fruto da sua reconciliação connosco. Somente se o homem se deixar reconciliar com Deus, é que pode tornar-se um obreiro de paz".

E o Papa Francisco concluiu a sua homilia convidando os fiéis a rezar juntos ao Senhor, por intercessão da Virgem Maria, pedindo a graça de ter um coração simples, a graça da paciência, a graça de lutar e trabalhar pela justiça, de ser misericordiosos, de trabalhar pela paz, de semear a paz e não guerra e discórdia, pois este é o único caminho que torna felizes, que torna bem-aventurados.


Fonte: Radio Vaticano

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

No Angelus Papa convida a entrar sem medo no deserto, local de combate espiritual


Cidade do Vaticano (RV) – Neste I Domingo da Quaresma o Papa Francisco assomou à janela do apartamento Pontíficio para rezar, com os milhares de fiéis presentes na Praça São Pedro, a oração mariana do Angelus. A Liturgia do dia inspirou a reflexão do Pontífice sobre as lutas vividas durante o tempo Quaresmal, “tempo do combate espiritual contra o espírito do mal”. “No deserto – disse ele - podemos descer em profundidade aonde se joga verdadeiramente o nosso destino, a vida ou a morte”.

O Papa iniciou falando da “prova enfrentada voluntariamente por Jesus”, no deserto, “antes de iniciar sua missão messiânica”. “Naqueles quarenta dias de solidão, enfrentou satanás “corpo a corpo”, desmascarou as suas tentações e o venceu. E nele todos vencemos, mas nós devemos proteger esta vitória no nosso dia-a-dia”:

“A Igreja nos faz recordar tal mistério no início da Quaresma, porque isto nos dá a perspectiva e o sentido deste tempo, que é o tempo do combate - na Quaresma se deve combater - um tempo de combate espiritual contra o espírito do mal. E enquanto atravessamos o deserto quaresmal, nós temos o olhar dirigido à Páscoa, que é a vitória definitiva de Jesus contra o Maligno, contra o pecado e contra a morte. Eis então o significado deste primeiro Domingo da Quaresma: colocar-nos decididamente no caminho de Jesus, o caminho que conduz à vida. Olhar Jesus, o que fez Jesus e seguir com Ele”.

O Papa explicou que este caminho de Jesus passa pelo deserto, local de luta e de silêncio, onde podemos ouvir a voz do Senhor:

“Este caminho de Jesus passa pelo deserto e alí é o lugar onde se pode escutar a voz de Deus e a voz do tentador. No barulho, na confusão, isto não pode ser feito; ouve-se somente vozes superficiais. Pelo contrário, no deserto, podemos descer em profundidade onde se joga verdadeiramente o nossos destino, a vida ou a morte”.

“O deserto quaresmal – observou - nos ajuda a dizer não à mundanidade, aos ídolos, nos ajuda a fazer escolhas corajosas conforme o Evangelho e a reforçar a solidariedade com os irmãos. E a presença de Jesus e do Espírito Santo na nossa vida, nos encorajam a entrarmos neste deserto:

“Então entremos no deserto sem medo, porque não estamos sozinhos: estamos com Jesus, com o Pai e com o Espírito Santo. Assim como foi para Jesus, é justamente o Espírito Santo que nos guia no caminho quaresmal, o mesmo Espírito descido sobre Jesus e que nos é dado no batismo. A Quaresma, por isto, é um tempo propício que deve nos levar a tomar sempre mais consciência do quanto o Espírito Santo, recebido no Batismo, operou e pode operar em nós. E ao final do itinerário quaresmal, na Vigília Pascal, poderemos renovar com maior consciência a aliança batismal e os compromissos que dela derivam”.

Na sua alocução, o Pontífice mais uma vez reiterou a importância de conhecermos as Escrituras, para sabermos “responder às insídias do maligno”, voltando então, a aconselhar a leitura diária de um pequeno trecho do Evangelho, “dez minutos”, e tê-lo sempre conosco, “no bolso, na bolsa, mas sempre à mão”.

Por fim, o Papa pedia a “Virgem Santa, modelo de docilidade ao Espírito, nos ajude a deixar-nos conduzir por Ele, que quer fazer de cada um de nós “uma nova criatura””. A seguir, Francisco saudou os fiéis presentes na Praça São Pedro. (JE)

Rádio Vaticana