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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O aborto

Temos um corpo ou somos um corpo? Eis uma questão crucial que jaz mergulhada na indiferença obscura, ali onde dormitam outras cruciais (de cruz) questões, como num cemitério de emoções.
Para os gregos, essencialmente Platão e mais tarde para os cristãos da escola de Agostinho, que bebeu dele à fonte, somos corpo e alma, matéria e espírito, escuridão e luz plotínica, bem e mal maniqueu. Temos um corpo pecador que aprisiona a alma divina.
Para os semitas, aí incluindo Jesus, somos um corpo. Um corpo animado (ânima) pelo sopro de Deus (ruá), pelo Espírito (pneuma) de Deus. Não somos "donos" do nosso corpo, somos nossos corpos, somos criaturas de Deus, vivendo através de sua graça, que é abundante fonte de Vida.
Um corpo em formação ou mesmo incipiente ou ainda deformado e até mesmo mal formado, desde que manifeste vitalidade e seja capaz de gerar sentimento naqueles que entram em contato com ele, é um ser vivente, uma pessoa ou mesmo um projeto de pessoa com as suas limitações e potencialidades, livre na sua essência e que não pertence a ninguém, nem mesmo aos pais que o geraram, mas são manifestação do amor de Deus, mesmo que aos nossos olhos limitados, assim não o vejamos.
Uma mulher que traz no seu útero uma vida, mesmo que embrionária, não possui nenhum poder sobre esta vida, ainda que esteja ela "hospedada" em seu ventre. A mulher não tem um corpo, ela é seu corpo, da mesma maneira que um feto, mesmo sem cérebro, não tem um corpo, ele é um corpo, único, dentre milhões e milhões de seres humanos de todas as eras.
Um recém nascido, ainda que anencéfalo, transmite sinais de vida e gera sentimentos (positivos ou negativos) nas pessoas que lhe estão próximas (mãe, família, médicos, enfermeiras, zeladores), sem dúvida é um ser vivo e tem dentro de si o sopro criador de Deus; da mesma forma, um jovem, em morte cerebral, gera emoções em quem lhe vê, em quem lhe ama, em quem lhe cuida. Não é de maneira alguma uma 'carne dada aos vermes' (cadáver).
Triste de uma sociedade abortiva, que legaliza a morte, uma a mais, dentro de tantas outras formas de morrer. Triste de uma sociedade que não acolhe seus filhos e filhas, não lhes dá educação nem saúde de qualidade, não lhes concede uma moradia digna, nem um futuro viável, e acha mais prático e mais econômico não permitir que venham à luz e participem do banquete da Vida que Deus preparou para todos, mas que só alguns privilegiados se apossaram.
Certamente os cristãos não retornarão para esta terra em outros corpos, pois sua unidade estaria para sempre perdida. Certamente os cristãos responderão pelo que fizeram para os outros, não para suas almas. E ainda que, "o certo" e o "errado" estejam cada vez mais distantes e enevoados do nosso discernimento, dormindo ali no cemitério das emoções. E mesmo que tudo seja permitido em nome da liberdade e do prazer, haverá de se manter acesas as luzes, nos caminhos retos e sem atalhos ou desvios, para que não se tropece na caminhada nem se perca nenhuma das ovelhas do rebanho.

Fonte: Diario de Pernambuco
CatolicaNet

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